UMA OUTRA ECONOMIA ACONTECE EM BAURU


por Paola de Labio

A movimentação no domingo começou cedo, a partir das 8:00h as barracas da Feira de Economia Solidária começaram a ser montadas. No Parque Vitória Régia, acontecia simultaneamente um encontro de proprietários de fuscas que já esquentava o fluxo de pessoas. Com barracas armadas, os empreendimentos e projetos universitários se agilizaram em ocupar os espaços. O LABsol, projeto de extensão da instituição UNESP, expôs os trabalhos feitos por alunos de Designer que utilizam materiais recicláveis para compor objetos de decoração. A produção era extensa com diversos trabalhos e um visual bacana. O casal, NÔ e Ana, um empreendimento de caráter familiar e solidário, levou sua produção, também com materiais recicláveis de carteiras feitas com caixas de tetra park e folhas de revista.
Outro projeto de extensão unespiana, o Projeto TAQUARA, se envolveu intensamente com a feira desde o começo da manhã com a realização do oficina de geodésica. A mobilização foi grande, tanto que uma geodésica não foi o suficiente, queriam mais conhecimento e ação. O projeto trabalha com a cadeia produtiva do bambu, desde o seu plantio até a confecção de produtos, e comercializou essa produção na feira, com utensílios de cozinha, caixas e decorativos.
O grupo solidário Alimento e Vida também ocupou uma barraca com sua produção de pães artesanais, salgados e doces. O grupo formado por mulheres saiu do assentamento Nossa Terra, localizado entre Pederneira e Bauru, para comercializar seus produtos na feira. Edione e dona Antônia dividiram a barraca com o projeto INCOP, Incubadora de Cooperativas Populares, com quem iniciam um trabalho de incubação para formação de um empreendimento solidário. A INCOP da UNESP/Bauru foi o idealizador da feira e trabalha com a metodologia de incubação de empreendimentos para o desenvolvimentos dos princípios de economia solidária, assim como estímulo e desenvolvimento desta economia no âmbito local, na cidade de Bauru.
O Enxame Coletivo, empreendimento solidário de produção cultural
e comunicação, como não poderia falta numa realização parceira ao seu próprio festival, Canja, comercializou seus produtos culturais, cds, livros, adesivos, bottons, chaveiros, zines, revistas, camisetas até o final da feira. Todas essas atividades são de fundamental importância para o entendimento da Economia Solidária como uma economia viável, possível e mais justa. É um movimento social que responde diretamente a um mundo que vive uma crise no modo das relações. Ela propõe relações inter-humanas solidárias e mais afetivas, atentando à necessidade do outro, como a da sua, para construção do todo coletivo. É pautado pela sustentabilidade e propõe que suas ações humanas não podem degradar o meio ambiente, a sociedade e nem o próprio ser humano.
E diante desse movimento global de Economia Solidária, que já está em grande desenvolvimento, que a oficina de Etinodesenvolvimento se transformou naturalmente numa interessante discussão sobre a história e organização do movimento de economia solidária. Todos ali presentes identificavam-se com esse modo de produção e se aprofundaram na articulação da mesma. Um a um se apresentou e, pouco a pouco, falaram de experiências solidárias, como o Eric e a Malu, que organizaram, na comunidade em que vivem, uma moeda social, a Lua, há apenas três meses. A moeda social não precisa de capital para efetuar trocas de produtos ou de serviços e, por trabalhar com o valor justo, não utiliza juros. O senhor Floriano lembrou de uma fábrica em Bauru, que se localizava na rua 1º de Agosto, que foi comandada pelos trabalhadores, na década de 90.

Vendo como esses momentos são importantes para resgate de uma história, muitas vezes, perdida na própria história, que Edione trouxe à reflexão coletiva a idéia de um Fórum. Disse que com ele poderíamos juntar os avanços, problemas e soluções ao desenvolvimento da Economia Solidária aqui, onde moramos e trabalhamos. Assim como, debater os rumos gerais desse movimento tão vivo. O encontro acabou com a necessidade de formar um grupo para futuras discussões e promover ações concretas na cidade como: trocas de serviços, estimular a divulgação e a comercialização de empreendimentos solidários, criar redes de trabalhos e ações dentro da solidariedade. E, por fim, expandir um movimento que de forma natural já está dentro de todos nós.

Os Relpis - Festival Canja






Vandaluz - Festival Canja







Por Luis Germano

Projeto Paiero





Oficina de Mantra









CANJA NO VITÓRIA: Supersônica


www.myspace.com/supersonicarock








fotos: Amandla Rocha

CANJA NO VITÓRIA: Produto Loco e Família Pedra Negra














fotos: Amandla Rocha